Por muitos anos enquanto cresceu nos rostos dos homens da raça humana, a barba tem sido orgulhosamente cultivada, incansavelmente difamada, oficialmente encorajada, carinhosamente perfumada, publicamente criticada, consistentemente amada, agressivamente denunciada, ou seja, decididamente polêmica. Acima de tudo, orgulhosamente exibida e ardentemente admirada, se não por todos ou alguns, ao menos pelos seus próprios portadores.
O que a evolução manteve
O acidente evolutivo que preservou os pêlos no maxilar, bochecha e sobre os lábios masculinos não parece servir uma função biológica significativa no que diz respeito a proteção a temperaturas baixas, ventos fortes, calor intenso ou filtro de ar — embora estes benefícios existam, sua significância biológica é mínima. Apesar disso, alguns estudos indicam que as vantagens da barba começam a se tornar aparentes na seleção natural, principalmente na escolha de parceiros adequados para reprodução, já que a existência de pêlo facial no homem, evolutivamente, representa adequabilidade masculina, imunidade aumentada, agressividade (o que pode ser útil competitivamente falando) e status social — estes em sua maioria percepções psicológicas de origem subconsciente com embasamento biológico.
Apesar de que pouco pode ser dito com certeza sobre as vantagens evolutivas ou climáticas das barbas, muito pode ser explicado sobre os efeitos sociais e psicológicos do pêlo facial masculino:
A marca na história
A presença (ou falta) de barba no homem deixou sua marca na arte, literatura, história, comercio e guerra. Em todas estas áreas temos claras evidências e membros memoráveis da influência da barba em suas obras, ações e resultados.
Sem a existência da barba através dos milênios, Michelangelo não teria esculpido o esplêndido Moisés barbado, Rossini não teria escrito sua ópera Il Barbiere di Seviglia, já que barbeiros não teriam existido. Até mesmo as contradições dialéticas de Karl Marx teriam sido menos impactantes sem sua imponente barba para apoia-lo. O mesmo se aplica também a boa parte dos grandes pensadores e filósofos da antiguidade e da modernidade. Como adorno utilizado para intimidação do oponente por alguns exércitos da antiguidade, sem a barba talvez estes não teriam ganho batalhas, as quais resultariam em mudanças culturais e políticas possivelmente drásticas considerando o efeito borboleta que pode[ria] ter ocorrido.
Homens de todas as idades, classes sociais e ideologias têm orgulhosamente feito comparações entre suas barbas e os adornos dados pela natureza aos leões, tigres e até mesmo bodes. E não é por menos: todos estes são símbolos de poder, dominância, masculinidade, imponência, agressividade, status, força, ousadia e coragem.
Desde o princípio
Historicamente as barbas foram referenciadas como prova da chegada a maturidade masculina. Segundo a tradição Judaico-Cristã, Adão, o primeiro membro masculino da raça humana, é geralmente descrito (geralmente através da arte) como tendo um rosto liso, sem barba nos períodos iniciais e então em sua saída do paraíso ele aparece com uma barba cheia, sendo julgado por Deus (também com sua imponente barba) após ter sido tentado a “comer o fruto proibido”, simbolizando assim uma graduação onde o menino se torna homem.
Obviamente não podemos desviar o olhar de que a cultura da barba através do globo e história é frequentemente modificada por tendências culturais, religiosas, regionais, políticas e, por que não, moda. Apesar disso, em cada época, cultura, religião e guilda, podemos identificar o impacto da barba e seus portadores sobre os resultados de suas intervenções. Não é a toa que muitos homens de negócios, lordes, barões e outros homens de poder e influência utilizaram o termo “no fio da barba” não apenas para designar simbolicamente o fechamento de um negócio ou acordo em substituição a um contrato. Os mais fiéis à expressão em alguns casos literalmente arrancavam um fio da barba e entregavam à outra parte para simbolizar de que poderia dar plena confiança a este acordo pois ele seria cumprido pois foi prometido pela barba do proponente.
Uma marca que perdura
Apesar das mudanças em estilo, tendências, razões e portadores, uma coisa se percebe entre todas elas e perdura na percepção psicológica através da cultura e dos tempos: barba é sinônimo de masculinidade e este título não lhe poderá ser tirado tão facilmente.
Muito legal a matéria.
Matéria muito interessante, ainda mais que uso barba, parabéns!!!